terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

Ao nosso palco.

Uma pequena viagem dentro de um romance intenso, curto e igualmente marcante.



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Em cada toque a sensação doce do aconchego que ali parecia já residir por uma eternidade, entre os lindos cílios negros ainda úmidos após as gargalhadas, ah as gargalhadas, tão gostosas quanto este momento em que te vejo dormindo aqui ao meu lado, tão livres quanto as crianças que nada temem porque para elas ser livre é estar vivo, e não é assim mesmo que deve ser?

Prefiro mil vezes mais estar aqui, fitando seu profundo sono, que estar em qualquer outro lugar do mundo, independente de qualquer virtual impressão de poder. O fervor nem sempre é o pico que precisamos sentir e ninguém em todo o mundo me traz esta certeza de forma mais clara que você.

Entre um suspiro e outro vejo cada poro de seu rosto, aqui não me toca a sexualidade apenas a felicidade de viver um ser e ter a oportunidade única de ver o corpo longe da mente e da essência, o corpo por ele apenas, assim tão frágil, embora outrora tão forte e vigoroso, o corpo assim tão rico em detalhes que juntos formam um dos conjuntos mais perfeitos que já vi, um dos mais fascinantes que pode haver, o corpo humano. Cada pedacinho seu parece me revelar um pouco mais até de mim, da existência, da razão, e por fim, do sentir.

O caminho que traçamos até aqui, entre dois, entre três, apenas um , pouco importa em quantidade, ele se traduz na qualidade de cada bloco desta linda construção que é o meu, que é o seu ser. A riqueza que vemos hoje vai muito além da matéria, é qualquer peça que não vive de um ato só, mas que traduz em si o monólogo de cada passagem por este palco, onde podemos nos perder em quantos papéis desejarmos sem devermos absolutamente nada a quem quer que seja, o lugar de onde jamais precisaremos sair e onde não se julga, a lei máxima de quem deseja o mínimo que se traduz no absoluto ... AMOR.