A vida prega peças ou nossos confrontáveis são tão não-estáticos quanto nós?
Por vezes nos vemos diante de nossas próprias afirmações mas nos sentimos confrontados ao ver que o que nos parecia tão absolutamente correto, concreto, definido na verdade nunca foi assim. A vida parece mesmo nos pregar algumas peças e quando nos damos conta do que de fato isto significa fica mais sólido dizer que "achamos que" do que dizer "temos certeza".
Alguns dos momentos mais críticos de minha passagem por aqui foram justamente momentos de confronto com minhas afirmações, citarei alguns exemplos mas deixo claro desde já que são meros exemplos uma vez que este tipo de acontecimento pode ser notado nos mais diversos campos, com os mais diversos pesos e das mais diferentes formas que se pode imaginar.
Sempre tive em mente que aos 21 anos minha vida mudaria para sempre, eu só não sabia explicar o motivo, assim como sabia que aos 14 grandes mudanças ocorreriam, mas nada disso fazia com que me sentisse a dona da verdade, apenas parecia ter alguma noção sobre o futuro dos meus dias.
Eu dizia a mim mesma e a todos cujo contato era mais estreito que jamais teria filhos, não me sentia nada confortável com a idéia de trazer a este mundo um ser inocente, limpo, então falava de peito cheio que poderia sim ser mãe e que isto me atraía, me fazia refletir tendendo sempre a aceitar muito bem a idéia de adotar, queria ter uma creche não uma casa, para mim AMAR estava sobre todas as coisas. Aos 21 me dei conta de que algo realmente mudava minha vida por completo e para sempre, estava grávida e foi quando senti um mix de sentimentos que não sei se um dia saberei descrever com o devido merecimento nos quesitos detalhar e explicar.
Desde muito pequena, cerca de 2,5 a 3 anos, sempre disse que moraria sozinha, sempre quis realmente ter o meu teto, a liberdade é qualquer coisa vital para mim, bem mais que para todas as pessoas que já conheci eu preciso me sentir extremamente livre o tempo todo, esta sensação de liberdade me traz paz e equilibrio, me permite amar a mim e aos outros de forma mais completa e intensa, até aqui me vejo como um sabonete, é preciso muita técnica para segura-lo em suas mãos quando está úmido, não? Por conta de vários motivos bastante pessoais até (e que por isso não exporei aqui) não vivo sozinha, vivo cercada de pessoas sob o mesmo teto que eu (meus pais e minha filha). É claro que nada, absolutamente nada paga O SORRISO que recebo de minha pequena, nada paga as possibilidades que me são dadas por viver assim, dentre elas deixar minha filha na escola com toda a tranquilidade do mundo e receber o melhor dos choques que já conheci, é quando ela me diz "TE AMO", hoje em dia ela já não diz mais a frase completa (quando está em público, rs), mas vale meu dia e minha vida, mesmo assim.
Nunca fui do tipo brigona, apesar da imagem dura sou extremamente sensivel, mais mole que uma lesma mas como todos os seres vivos tenho também minha máscara, algo que uso para me proteger do meio, do que está ao redor, enfim. Considerando que nasci menina o natural se fez presente, sempre fui fã de meu pai, a única pessoa deste universo com quem de fato tenho sim conflitos sérissimos. O destino nos pregou uma peça ou este meu confrontável é tão móvel quanto eu? Por mais incrível que possa parecer ele precisou de ajuda e a pessoa mais presente neste momento da vida dele fui exatamente eu. Para duas pessoas que mal se falam, que já passaram mais de um ano inteiro sem trocar uma palavra sequer, estando sob o mesmo teto, este pode ser considerado um dos maiores desafios de nossas vidas.
Por muitas outras vezes me vi decidida e terminantemente afirmava isso ou aquilo mas dias, meses ou mesmo anos após, lá estava eu de cara com meu confrontável que provava ter me alcançado de alguma maneira e que naturalmente surgia assim sem qualquer aviso prévio, me deixando à mercê de suas ações, completamente despreparada.
É muito perigoso dizermos que não faremos, que não seremos, que não provaremos. Se estamos aqui é porque devemos partir de um princípio básico: somos meros aprendizes e nada mais. Para se ter certeza talvez seja necessário ser no mínimo mestre, mas então a pergunta que fica é o que é ter certeza de fato? Se o mundo é inconstante, se as pessoas são dentro de si mesmas eternamente mutáveis, se os fatos que ocorrem comigo podem ser não somente consequencias de atos meus mas consequencias dos atos de pessoas que sequer conhecerei nesta passagem então ... a meu ver cai por terra essa e qualquer outra idéia de que CERTEZA é algo mais que mera força de expressão.
bjs
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
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Um dia seremos humildes o bastante para não se achar dono da "verdade", e como consequência disso não se prender, não se limitar a nada! Nosso único controle sera nosso bom senso, regado de amor e consciência mutua, e ai aprenderemos o verdadeiro conceito de liberdade!
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